Nesta
quarta-feira (30-5), as comissões de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa
(Alerj) e da Câmara de Vereadores, presididas respectivamente pelo deputado
estadual Marcelo Freixo e o vereador Renatinho (PSOL) e o grupo Niterói Quer
Paz realizaram audiência pública, na Faculdade de Direito da UFF, para debater
a segurança pública em Niterói. O vereador Renatinho alertou para a importância
de aumentar o efetivo das polícias Militar e Civil na cidade, mas lembrou que
para acabar com a insegurança na cidade é preciso atacar as injustiças sociais.
“As
comunidades de Niterói não podem ser vistas como inimigas. O Poder Público não
deve subir os morros só com poder policial, mas com todos os poderes do Estado,
garantindo real qualidade de vida para os trabalhadores. É preciso investir em
saúde e educação públicas e saneamento, por exemplo. O policial tem que olhar a
comunidade com respeito para que também seja respeitado. A presença da polícia
nas ruas e favelas tem que deixar de representar um risco e passar a significar
uma real parceria com os moradores. Queremos reforço no policiamento sim, e já,
mas também queremos investimento em inteligência e policiais bem remunerados
que estejam em sintonia com os anseios da população. Isso é um desafio para
todos nós e essa é uma das intenções desta audiência”, defendeu Renatinho
(PSOL).
Após
as quase quatro horas de audiência, que contou com representantes das polícias
Militar e Civil, da Prefeitura e do Governo do Estado, estudantes da
Universidade Federal Fluminense (UFF) e da sociedade, foram tiradas propostas
para o setor que serão encaminhadas às autoridades e a todos os
interessados.
Para
o antropólogo da UFF, Roberto Kant, Niterói não é uma ilha e que, por isso, os
órgãos de segurança pública do Governo do Estado deveriam incluir a cidade na
política do setor para a Região Metropolitana. Segundo ele, não existe
violência sem injustiça.
O
comandante do 12º BPM (Niterói), coronel Wolney Dias, negou que o efetivo seja
pequeno para atender Niterói e Maricá mas não revelou, com exatidão, quantos
policiais militares trabalham diariamente nas ruas das duas cidades.
O
representante do movimento S.O.S São Francisco, Oscar Motta, cobrou das
autoridades uma política de longo prazo para combater a insegurança, chegando a
perguntar ao comandante Wolney Dias qual seria o contingente exato do 12º BPM
para atender diariamente as populações de Niterói e Maricá. Como não obteve
resposta satisfatória, Motta calculou que, considerando as folgas, a PM de
Niterói só teria cerca de 130 PMs para cobrir os dois municípios.
O
deputado Marcelo Freixo disse que o projeto das UPPs é um investimento para
assegurar outros investimentos na cidade do Rio, como os eventos esportivos dos
próximos anos. Um exemplo, segundo Freixo, é a Baixada Fluminense não ter
recebido uma unidade sequer do projeto. Marcelo disse ainda que o importante
não é saber de onde os criminosos vieram, mas combatê-los com inteligência,
garantindo que a população terá sua qualidade de vida mantida.
Ainda
participaram dos debates, Michel Saad, secretário municipal de Assistência
Social; Ruy França, secretário municipal de Segurança Púbica; Raphael Costa, do
Movimento Niterói Quer Paz; além de representante do secretário estadual de
Segurança Pública, José Mariano Beltrame, coronel Robson Rodrigues da Silva, e
todos os delegados de Niterói, que foram representados na mesa pelo delegado
Alexandre Leite, da 76º DP (Centro).
Propostas
– A Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Vereadores encaminhará as
seguintes propostas para as autoridades: 1) Realização de conferência municipal
de segurança pública; 2) Elaboração de um plano municipal de segurança pública,
com participação de poder público e sociedade civil; 3) Reativação dos
conselhos comunitários de segurança e realização de “cafés comunitários” com o
comando da Policia Militar; 4) Implantação de ouvidorias e corregedorias da
polícia em Niterói; 5) Formação de um grupo de trabalho permanente para
integrar as policias a fim de possibilitar a efetivação de ações conjuntas e
planejamento estratégico; 6) Desenvolvimento de uma política de saúde mental
efetiva em Niterói para tratamento a usuários de drogas; 7) Divulgação do
convênio do PROEIS (Programa Estadual de Integração na Segurança), celebrado
entre governo do Estado e Prefeitura; 8) formulação de uma cartilha sobre
limites legais e procedimentos adequados para a abordagem policial.
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