Por Marcos Ramalho*
O Brasil se habituou nos últimos anos pós-ditadura a esmagar impiedosamente todos os movimentos sociais, que se apresentam diante das sacanagens dos novos senhores, leiam-se prefeitos, governadores e presidentes. Esses senhores, tal qual verdadeiros imperadores com suas bizarras estruturas policialescas, reprimem tudo e a todos, prendendo, expulsando, demitindo, desaparecendo, sempre com a presteza de juízes e do famigerado capital.
A greve dos rodoviários é exemplo típico disso, pois nos últimos anos todos os sindicatos dos rodoviários no Estado do Rio sempre estiveram nas garras de pelegos, que dizem amém aos empresários de ônibus. Em detrimento da categoria, fazem acordos indecentes para favorecer ora os gestores de plantão ou aos seus senhores empresários.
Achatam salários, tiram todos os benefícios, impõem regras de gratuidade, emitem cartões e dão para quem eles querem. Aqueles que eles não aceitam, simplesmente são deletados do exercício dos direitos sociais. E os empresários seguem aumentando preços de passagens, privando os desafortunados do inalienável direito de ir e vir.
Mas essa última greve dos rodoviários começou a mudar esse quadro, assustando os carrascos, que travaram uma queda de braço com a categoria. Categoria esta que, entretanto, infelizmente sucumbiu mais uma vez, diante da pressão, das ameaças, chantagens e da omissão e conivência do poder público e do judiciário.
Porém, a greve dos trabalhadores foi um aviso de que o reinado dos pelegos dentro do sindicato dos rodoviários está chegando ao fim, pois a maioria esmagadora dos trabalhadores não vai engolir mais essa farsa que está sendo montada há décadas.
*Marcos Ramalho é militante do Núcleo Florestan Fernandes do PSOL Niterói, Conselheiro do COMPEDE e colaborador do Mandato do Vereador Renatinho do PSOL.
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