Trabalhadores responsáveis pela coleta de lixo em Niterói exigem pagamento de salários atrasados. Cerca de 20 caminhões da Companhia de Limpeza devem parar de rodar
A coleta de lixo em Niterói pode ser reduzida em um quarto nos próximos dias. Funcionários da empresa Engetécnica, que presta serviços à Companhia de Limpeza de Niterói (Clin) iniciaram nesta segunda-feira uma greve. Eles dirigem caminhões que trabalham dando suporte aos serviços de limpeza urbana, abastecimento de água e até mesmo transporte dos funcionários da Clin e alegam já estarem há sete meses com salários atrasados. Nesta segunda-feira, eles realizaram um protesto na frente à sede da companhia de limpeza, na Rua Indígena, no bairro São Lourenço, reivindicando o pagamento.
À noite, a empresa informou que a greve foi contornada, mesmo assim os funcionários afirmaram que a paralisação deve continuar até quarta-feira, prazo prometido para o pagamento.
Segundo os funcionários, serão cerca de 20 caminhões a menos nas ruas recolhendo o lixo da cidade. Os veículos rodam diversos bairros da cidade, alguns como: São Francisco, Santa Rosa, Largo da Batalha, Garganta, Caramujo, Vital Brazil, entre outros. Eles reclamam que, sem os salários, estão com dificuldades de pagar as contas e de colocar comida em casa.
“Temos que fazer bicos nas horas de folga ou contar com a ajuda da família. Como também somos responsáveis por abastecer os carros, não temos condições nem de pagar o posto”, afirma o motorista Francisco de Assis, de 57 anos.
“Quando precisaram de nós depois das chuvas de abril e pediram ajuda para limpar a cidade, nós ajudamos, trabalhamos noite e dia. Muitas vezes entramos com nossos caminhões em lugares de muito barro, até os danificando. E agora eles não olham por nós, não tentam nos ajudar”, lamenta Carlos Pereira, de 33 anos.
Na manhã desta segunda-feira já era possível ver em alguns pontos da cidade uma aglomeração de lixo. A população, teme pagar o preço pela paralisação.
“Se pararem com a coleta vai ser insuportável. Não quero conviver com sacos de lixo aqui no meu bairro. E é ainda pior para quem tem lojas, pois a montanha de lixo vai afastar os clientes”, diz a comerciante Andréa Peres, moradora de São Francisco.
O advogado Anderson Rollemberg, de 36 anos, lamentou ver sacos de lixo espalhados na Praia de São Francisco.
“Pagamos um IPTU caríssimo, deve ser um dos mais caros do Brasil. Temos que ter nossos serviços urbanos garantidos. É triste ver essa sujeira em um dos pontos turísticos da cidade”.
A Clin informou que são apenas 10 veículos que prestam serviços e que a paralisação não vai prejudicar a manutenção da limpeza na cidade. Já o responsável pela Engetécnica disse desconhecer a greve.
PSOL teme colapso com privatização
O PSOL vai questionar a competência das empresas terceirizadas em administrar o lixo em Niterói. Segundo o vereador Renatinho, a paralisação de uma das empresas terceirizadas por falta de pagamento alerta para o risco de um colapso no sistema de coleta com a privatização da Clin. O parlamentar afirma que já recebeu denúncias de que concursados estariam sendo demitidos pelo Executivo.
“Desde o início do atual governo temos recebido algumas denúncias de demissões de funcionários concursados que afirmam terem sido injustamente demitidos por justa causa. Pode haver por parte do governo uma movimentação a fim de enfraquecer a Clin para facilitar uma possível privatização. Esta é uma estratégia mais do que conhecida e que iremos repudiar e denunciar. A recente falta de pagamento de alguns serviços terceirizados pode ser também uma forma de pautar a privatização, fazendo com que os trabalhadores paguem o preço de ficar sem receber pelos serviços prestados”, denuncia Renatinho.
"Sou contrário a privatização da companhia", diz Renatinho
“A Clin é uma boa empresa, merece é ser mais bem gerida, o governo precisa atuar com seriedade, responsabilidade e transparência”, afirma o vereador, ressaltando, ainda, que pretende acompanhar a reunião dos funcionários terceirizados da empresa prestadora na próxima quarta-feira, na sede da empresa.
Nesta segunda-feira, o vereador Renatinho encaminhou à Prefeitura um requerimento de informações solicitando cópia dos contratos com as empresas terceirizadas e pedindo informação sobre as demissões de concursados ocorridas desde o início deste governo.
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