sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Praças sem Grades!



Ao contrário do governo municipal de Niterói, a Prefeitura do Rio de Janeiro está pretendendo retirar grades das praças e jardins. No início deste ano, orientado pelo governo Jorge Roberto Silveira, o secretário municipal de Segurança e Controle Urbano, Wolney Trindade, chegou a anunciar que o município vai gradiar todas as praças e jardins de Niterói. O vereador de Niterói Renatinho (PSOL), que na época se colocou frontalmente contra a intenção do secretário, lembra que Niterói – que poderia ter saído na frente em relação ao assunto – está indo contra os especialistas quando o tema é urbanismo e acessibilidade.
Antes de anunciar a intenção, Wolney determinou o fechamento de dois portões de acesso ao Campo São Bento, em Icaraí, Niterói, durante todo o período da tarde. Renatinho, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, defende que, em áreas de lazer que já são gradeadas, como a Praça do Barreto, a população deve ser ouvida.
“No caso da Praça Leoni Ramos, em São Domingos, onde inclusive foram realizados atos públicos, a população já decidiu que não quer o gradeamento. No Campo São Bento a população também já se manifestou contra o fechamento dos portões. As pessoas já mal conseguem andar pelas calçadas da cidade, que são verdadeiras armadilhas, e ainda estão sendo obrigadas a dar essa volta toda a pé até o portão principal. É um desrespeito fechar esses portões, os idosos e as pessoas com deficiência são os que sofrem mais”, salientou Renatinho.
Recordando – Depois de ouvir a população, Renatinho pediu, através de ofício, a reabertura dos dois acessos ao Campo São Bento. Porém, Wolney respondeu com ironia: “a distância serve como aquecimento (para quem usa o local para caminhadas)”, disse Wolney na ocasião. O secretário também demonstrou preconceito com os idosos. “Aos idosos, dou um conselho médico: andem mais e viverão mais”.


Um comentário:

  1. Ana Cabral Rodrigues24 de agosto de 2011 às 08:46

    Esta discussão é muito importante. Sobretudo porque põe em pauta os usos que fazemos dos espaços públicos,o que entendemos por segurança, as dualidades que constituímos (aqueles que devem ser protegidos e aqueles que são constituídos como ameaça a boa ordem e funcionamento urbano).
    Nos comentários, a reportagem do "O Globo", aqui citada, vemos que mesmo que se defendam a retirada das grades (que não compõe a maioria), a lógica do medo ainda perdura. O argumento pauta-se no discurso dos especialistas (os arquitetos e urbanistas) que entendem que para a circulação e fruição na cidade a retirada das grades é benéfica. No entanto, permanecem as dualidades, permanecem os maniqueísmos (cidadão de bem x escórias da sociedade),apela-se para a colocação de outras "tecnologias mais avançadas" para, de maneira mais sutil, mais agradável aos nossos olhos, "as grades" continuem de pé.
    Há muito o que debatermos, pensarmos, experimentarmos e ousarmos para que possamos, efetivamente, retirar essas grades. Vejo, portanto, neste movimento de retirar as grades das praças, não exatamente um avanço, mas sim, uma chance: chance para que possamos inclusive, escaparmos dessa lógica - não exatamente por correções desta discussão, mas antes, pelos usos pelas políticas que podemos constituir cotidianamente.

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