O Ascenso das lutas sociais transformou acontecimentos cotidianos em
pautas de mobilização. O desaparecimento do pedreiro Amarildo, morador da
favela da Rocinha, foi um exemplo disso. Seu desaparecimento após uma abordagem
do Bope levantou a população do Rio de Janeiro, e até de outros estados, contra
mais uma arbitrariedade policial. A truculência policial é uma marca antiga das
ações de segurança pública, mas agora as pessoas não se calaram. A grande mídia
foi obrigada a ter que abordar este tema, tendo que reconhecer que as UPPs não
são tão perfeitas quanto dizem que são. As redes sociais expressaram a
mobilização dos movimentos sociais de direitos humanos, além da corajosa
postura família de Amarildo que não se calou perante tamanha violência.
Mas como já foi dito, Amarildo foi só um exemplo dentre tantos casos
de arbitrariedade policial, e não tardou para que ocorresse mais um caso de
brutalidade contra um trabalhador, só que agora na Baixada Santista. No dia 31
de julho, o funcionário terceirizado da Unifesp, Ricardo Ferreira Gama, foi
agredido após responder a uma ofensa de um policial, segundo estudantes desta universidade.
Ricardo e os estudantes foram intimidados a não denunciarem o ato opressor da
polícia. Mesmo assim, no dia dois de agosto, quatro homens encapuzados mataram
Ricardo com oito tiros na porta de sua casa.
Mais um caso de assassinato de um jovem, negro e pobre, morador da
periferia, que sofreu o peso de uma política de segurança que criminaliza a
pobreza. Assim como população pergunta onde está Amarildo, é chegada a hora de
denunciarmos o assassinato de Ricardo e encontrarmos os responsáveis por este
crime. O Estado mais uma vez nos mostra que a polícia é utilizada para reprimir
e intimidar os trabalhadores. É mais do que urgente a união dos movimentos
sociais e dos trabalhadores para repensarmos a política de segurança de nosso
país. É nossa tarefa continuar exigindo a solução do caso Amarildo e buscar
elucidar o assassinato de Ricardo, mas o mais fundamental é aprofundarmos a
construção de um programa político que repense a política de segurança de nosso
país, de maneira que não criminalize a pobreza e os movimentos sociais. Somos
todos Amarildo e Ricardo!
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