A Jornada de Junho ainda se mantém viva na memória dos trabalhadores,
que compreenderam que só haverá conquista de direitos sociais se houver
mobilização popular. Apesar das mobilizações terem se fragmentado e diminuído,
ainda há muita insatisfação popular. A greve dos professores do Estado do Rio
de Janeiro e do município do Rio de Janeiro é um exemplo de como uma categoria
pode se reorganizar e pressionar os governos de acordo com uma linha política
justa de reivindicar melhores condições de trabalho, de salários e ampliação de
investimento na educação. Pelo Brasil, temos também grandes lutas sendo
travadas nas categorias dos metalúrgicos, petroleiros, bancários, químicos e
correios.
O crescimento da onda Fora Cabral não para de crescer. A visão de que
este governo só serve aos interesses do capital se amplia na sociedade, gerando
um importante debate sobre que tipo de governo queremos; que projeto de cidade
os movimentos sociais podem construir, entre outras demandas. Em São Paulo, as
falcatruas nas obras do metrô mostram que, na verdade, PT e PSDB partilham das
mesmas práticas políticas, e suas disputas nada mais são que uma luta
encarniçada pelo poder e pelo dinheiro. Assim, o governo Alckmin sofre
constrangimentos semelhantes aos de Cabral (ainda que em menor intensidade),
apesar de representarem setores que se opõem.
Por todo Brasil, ocupações de Câmaras Municipais expõem os limites
deste modelo de política que só favorece aos empresários e prejudica os
trabalhadores. Por isso, nossa responsabilidade é grande, participando das
mobilizações cotidianamente e construindo o PSOL como uma alternativa política
de luta, coerente e socialista.
É chegada a hora dos trabalhadores mostrarem sua força política e
organização, exigindo nossos direitos. O governo Dilma busca confundir a
população com medidas que não tocam de fato nos problemas que enfrentamos. A
proposta de uma Reforma Política, que nem sequer arranha na estrutura política
elitista, busca por para debaixo do tapete as diversas demandas apresentadas
nas mobilizações de junho, tais como melhorias na saúde, educação, habitação e
transportes.
Quando o programa “Mais Médicos” foi lançado, novamente se desvirtuou
dos reais problemas. O programa se limita a convocar médicos e regime
contratual, não tocando, em nenhum momento, nas condições de trabalho, na
infraestrutura dos hospitais, qualidade dos serviços e no seu caráter público.
A bandeira histórica dos movimentos sociais da saúde de 10% do orçamento
federal para a saúde não é mencionada, pois o governo quer manter o fluxo do
orçamento público voltado paras os empresários dos megaeventos e banqueiros.
Somos solidários aos médicos cubanos e a toda tradição de saúde pública
desenvolvida por Cuba, mas não será limitando-se à importação de médicos que
resolveremos nossos problemas na saúde pública.
Enquanto isso, o dólar aumenta, a inflação cresce, juntamente com a
taxa de juros e o desemprego. Provavelmente teremos um PIB de 2%, o que
significa mais ajuste fiscal, ou seja, mais corte de verba pública para as
áreas sociais, além de arrocho salarial contra os trabalhadores.
Depois de tentar destruir ainda mais os direitos trabalhistas com o
Acordo Coletivo Especial (ACE), agora o governo federal quer aprovar a PL 4330,
que amplia ainda mais as terceirizações. Toda a agenda de privatizações também
será retomada nos setores do petróleo, portos, ferrovias, rodovias, aeroportos
e do setor elétrico e telefônico.
É por isso que precisamos nos organizar. As experiências de
organização popular, como vêm acontecendo no Fórum de Lutas do Rio de Janeiro,
devem ser aprofundadas. Precisamos unificar todos os movimentos que estão
surgindo, garantindo a construção de uma pauta nacional e um calendário
unitário de lutas.
Neste sentido, que o Mandato do vereador Renatinho (PSOL) reafirma que
apenas com o protagonismo dos trabalhadores organizados conseguiremos avançar.
Apoiamos todas as iniciativas políticas que se propõem a lutar por direitos sociais,
como ampliação do investimento na educação; estatização dos transportes e
instauração da tarifa zero; melhorias na saúde; por uma política urbana voltada
para os trabalhadores; pela defesa da democracia e contra a criminalização dos
movimentos sociais e da pobreza.
Esta luta é nossa! Vamos juntos!
“Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais
conseguirão deter a primavera inteira” (Che Guevara).
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