Após sete anos do governo PMDBISTA de Cabral, o desastre de
suas políticas públicas causa indignação a toda sociedade. Não podemos esquecer, porém, que tal como a
maioria dos prefeitos dos municípios fluminenses, as políticas públicas de
Cabral seguem a mesma lógica neoliberal do governo petista de Dilma, que,
aliás, foi a principal fiadora da eleição e reeleição desse nefasto governo,
tampouco não podemos ter dúvidas que essas políticas só foram implementadas
através da sustentação de uma forte bancada governista na Assembleia
Legislativa. Todos os Deputados, e seus respectivos Partidos, que votam com o
governo, são também responsáveis pelo caos em que se encontra a sociedade do
Rio de Janeiro.
Quando nos indignamos com a corrupção, as imagens e notícias publicadas, inclusive pela grande mídia, de secretários e comissionados do governo se divertindo em festas na Europa enquanto hospitais e escolas são sucateados e funcionários concursados, quando reivindicam melhores condições de trabalho, são tratados com cinismo e truculência. O uso de jatinhos, de empresários que sugam o dinheiro público através de supostas licitações e mais recentemente o uso de helicópteros do estado em deslocamentos de "autoridades" acompanhados de suas famílias, para compromissos particulares é uma afronta à sociedade e nos causa indignação.
A política de segurança pública baseada na instalação
de UPPs em comunidades a pretexto de acabar com o tráfico de drogas foi
uma farsa, pois o tráfico continua a existir e seus efeitos danosos,
principalmente para a juventude, persistem. A ausência do estado nas
comunidades com políticas reais que recuperem a dignidade dos cidadãos como;
saneamento básico, medicina preventiva, escolas e creches em horário integral
acompanhada de políticas de geração de emprego foram esquecidos ou nem mesmo
cogitadas. O que assistimos é a truculência de uma polícia despreparada e
orientada para "pacificar" na marra a comunidade. O
episódio da ação policial na comunidade da Maré, o desaparecimento do cidadão
Amarildo e as manifestações exigindo saneamento básico ao invés de
teleféricos atestam a farsa dessa política. Beltrame, que no início de sua
carreira foi agente infiltrado nos movimentos sociais parece traduzir bem o
perfil da segurança pública de nosso estado.
A saúde pública assume proporções de extrema
crueldade, em especial com a classe trabalhadora, que não têm condições de
arcar com um plano de saúde para sua família. Os Hospitais públicos foram
sucateados, os salários dos profissionais de saúde achatados, e a iniciativa
privada, através de parcerias, convidada a participar do banquete, passando a
gerenciar com o dinheiro público o caos da saúde pública, trata-se de
lucrar com o sofrimento alheio. As Upas apresentadas como solução
redentora revelaram-se impotentes diante das necessidades da população. A sua
concepção não foi vinculada há uma lógica de saúde preventiva nem conjugada a
políticas que contribuam com a melhora da qualidade de vida da população em seu
entorno como; saneamento básico (água, esgoto, coleta de lixo regular e
seletiva), qualidade alimentar, eliminação de vetores transmissores de doenças etc. Hoje
as Upas são uma triste realidade. Faltam profissionais, material básico para
atendimento aos pacientes, e uma conexão com Hospitais para casos de maior
complexidade, pois os mesmo vivem também situação de precariedade. As
UPAs são em sua maioria gerenciadas pelo setor privado cujo compromisso
primeiro é com o lucro e não com a sociedade. Os profissionais dessas Unidades
são submetidos a uma demanda de serviços angustiantes e carregados de tensão
social, o que ajuda a entender o pedido de afastamento de muitos desses
profissionais.
A educação pública em nosso estado tornou-se um caso de
vergonha nacional, gerenciada pelo secretario economista, fechou o
maior número de escolas desde a criação de nosso estado, o número de matriculas
na rede diminuem a cada ano. As terceirizações de serviços cresceram em número
alucinante. Hoje na rede estadual até computadores e ar condicionados são
alugados para deleite de empresários. Serventes, merendeiras e funcionários
administrativos são em sua maioria terceirizados e atuam com vínculos
trabalhistas precarizados para um conjunto de firmas que mudam de nome e não de
donos. Até mesmo a nível pedagógico o atual secretário economista, seguindo a
lógica de seu chefe governador, assina convênios com firmas privadas para o
gerenciamento de projetos na rede, Uma vergonha que promoveu a indignação de
professores da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A eleição de
diretores de escolas pela comunidade escolar foi sepultada e substituída por
uma prova em que um dos critérios se consiste no exame de "perfil"
dos candidatos, possivelmente acompanhado do número do seu título de eleitor. A
última invenção desse economista perdoe-me os economistas, foi uma prova de
certificação que pretende retestar o conhecimento dos professores, retestar
parece ser a expressão correta, pois não podemos esquecer que todos já foram
submetidos a concurso público.
Essa certificação acarretaria a
todos os aprovados uma gratificação que poderá em dois anos dobrar os
vencimentos dos profissionais. É claro que uma das condições para obter
aprovação e o exame do "perfil" do candidato funcionário, como por
exemplo, não ter faltado ao trabalho mesmo que em períodos de greve da
categoria e ter cumprido sem hesitação as determinações do lamentável
secretário. Essa política baseada na lógica da meritocracia destrói a
isonomia entre os profissionais da ativa e aumenta defasagem salarial com
os aposentados. A avaliação de perfil de funcionários para efeitos
remuneratórios é uma afronta ao Estatuto do Funcionalismo e um
excrescência ao Estado Democrático de Direito. O ovo da serpente.
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