O último ato da tragédia do Zoológico de Niterói (ZOONIT) foi a depressão e perda de peso do leão Dengo, separado da leoa Elza, com quem dividia a cela há mais de seis anos. A leoa foi levada para Brasília e é um dos mais de 200 animais que já foram transferidos pelo IBAMA de Niterói para outro zoológico por causa de uma decisão judicial. Em 2004, foi estabelecido um TAC (termo de ajustamento de conduta) com o ZOONIT que, segundo o IBAMA, não foi integralmente cumprido.
De acordo com o IBAMA, a maioria dos recintos são inadequados, pequenos e oferecem condições que põem em risco a saúde dos animais.
Na última vistoria, em 2010, foram encontrados gatos em vários pontos do zoológico. Para o IBAMA, a exposição a animais domésticos é prejudicial para as espécies selvagens, devido ao risco de transmissão de doenças.
Todo esse drama foi causado pelo prefeito Jorge Roberto que cortou 50% das verbas de custeio do zoológico e não autorizou previsão orçamentária para as obras necessárias nas instalações. A situação do ZOONIT vem sendo agravada pelo abandono de animais domésticos diretamente naquele espaço e, também, nas ruas da cidade.
O vereador Renatinho/ Psol já apresentou, mais de uma vez, projeto de lei criando um serviço de castração gratuita, única forma de controlar a população animal de forma mais humana. Mas esse projeto é sempre barrado pela maioria governista na Câmara. Como conseqüência, os animais – nas jaulas do zoológico ou nas ruas – sofrem maus tratos, abandono e morte nas mãos da prefeitura de Niterói.
“A castração é a única solução para o abandono que os animais vêm sofrendo. É também um caso de saúde pública! Vamos continuar lutando! Meu mandato está na luta pelos oprimidos, inclusive os animais!”, diz Renatinho, que está organizando uma audiência sobre a questão.
Emocionada, Adriana Lima, empresária e ativista da causa animal, nos escreveu:
“O prefeito, em época de eleição, óbvio, foi dito que o CCZ teria um terreno para que funcionasse como posto de CASTRAÇÃO GRATUITA. Se disse comovido com o que viu. E cadê o TERRENO? Não tem cristo que faça SAIR DO PAPEL? E ainda temos de ler nos jornais declarações do Sr. Wolney Trindade, secretário municipal de segurança, que o negócio é matar os porcos...NÃO CONCORDAMOS COM OS PORCOS NAS RUAS porem tal comentário me remete aos primórdios.... Temos receio de que comece por matar porcos ...e depois ...gatos...cães....não podemos admitir tais declarações”. O Centro de Controle de Zoonoses (CCZ ) que fica localizado na Rua Gustavo Moreira s/nº, no bairro Morro do Céu, em Niterói, está fechado desde novembro de 2008 e não existe nenhuma previsão de quando reabrirá as portas. É como enxugar gelo: dez animais são recolhidos em um dia, e surgem vinte no dia seguinte. As ninhadas de filhotes de cães e gatos se multiplicam e é impossível conseguir lares para tantos animais. O resultado é uma imensa quantidade de animais abandonados, atropelados, doentes, desnutridos e mortos. Piorando a situação, os preços de cada castração variam entre R$ 200 e R$ 480 em clínica veterinária de Niterói ou mesmo no hospital veterinário da UFF.
“A situação dos animais da cidade de Niterói é critica, a prefeitura não cumpre com o dever de combater os maus-tratos e o abandono de animais, como cães e gatos. A esterilização de cães e gatos não é realizada, moradores de Niterói vão para o Rio de Janeiro para esterilizar na campanha gratuita da prefeitura, a venda de cães e gatos nas ruas não é reprimida pela guarda municipal que alega que a prefeitura não tem para onde levar os animais e outras situações absurdas que se arrastam por falta de recursos em política públicas pela defesa dos animais, que inclui o controle populacional que também é uma questão de saúde pública.” Declarou Andréa Lambert, da ANIDA/ Rio de Janeiro, por e-mail enviado ao mandato do vereador.
ZOONIT - Fundação Jardim Zoológico de Niterói
O ZOONIT, com seus mais de 500 animais, exercia importante função como área de lazer e de fonte de conhecimento para a população, e recebia uma média mensal de visitação de aproximadamente dois mil visitantes, entre pagantes e não pagantes. Além de toda essa importância cultural, o Zoológico realiza trabalhos de extremo valor ecológico e a reabilitação de animais silvestres. Não se trata apenas de um parque de visitação da vida selvagem e de lazer, mas é principalmente um centro de recuperação e preservação da biodiversidade. Neste Zoológico habita um macaco de 26 anos, o Jimmy, que tem sido alvo de uma grande polêmica com o GAP, que é uma entidade de proteção de primatas, que tenta a libertação do chimpanzé, propondo a sua volta ao habitat natural. Esta demanda já ultrapassou fronteiras e é sabida e debatida em muitos países da América e da Europa. Na última tentativa, foi proposto um hábeas corpus para libertar Jimmy, mas foi negado com a explicação que esse instrumento legal seria apenas para seres humanos e não poderia ser utilizado para animais.
Em outro depoimento emocionado, a Sra. Silvia Braga diz:
“Aqui está o retrato mais frio, desumano e verdadeiro do abandono de animais, que acontece ali (no ZOONIT) diariamente; o mais angustiante, é a constatação de que este gaiolão, por pior que seja, ainda está servindo como último refúgio pros animais que são literalmente jogados pelas grades externas do ZOONIT, descartados sumariamente, como se fossem lixo. No dia anterior, sábado, logo cedo desabou a maior chuva. Fiquei desesperada, porque o gaiolão continuava sem cobertura... ninguém atendeu ao meu apelo pra levar um simples plástico pra cobrir o teto cheio de goteiras! Assim, tão logo terminei o meu trabalho, fui correndo na Casa da Borracha no Centro, pra comprar os 5m de plástico. De lá, fui direto pro ZOONIT. Gente chovia muito!
Quando dei de cara com a realidade, fiquei ainda mais arrasada:
O gaiolão todo inundado, pelo teto chovia como se tivesse um chuveiro ligado; a casinha maior adernada porque a mestiça de Cocker não saía dali de cima, e a outra, menor, com TODOS os filhotes e um adulto encolhidinhos, uns por cima dos outros, tentando se proteger do vento, do frio e da chuva... “Que tristeza...”
A Fundação ZOONIT, desde 2007, pedia socorro e denunciava a diminuição das verbas destinadas aos cuidados com os animais, pagamentos de funcionários e obras de manutenção.
Veja no link abaixo:
Veja no link abaixo:
- 23/07/2007 -
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