sexta-feira, 28 de junho de 2013

QUANDO A BALA NÃO É DE BORRACHA!


Foto: Maré por Rosilene Miliotti
As massas vão às ruas exigir direitos sociais e, como de costume, a polícia transforma, o que deveria ser considerado o exercício da cidadania, num grande ato criminoso. Alguns indignados, neste processo, descobrem o que já é notório nas favelas: que a polícia não respeita a democracia e os direitos humanos. Diante de tantos gritos por justiça nos centros urbanos, é de fundamental importância atentar que estas arbitrariedades seguem uma lógica de classe, ou seja, o povo pobre e preto sente o peso da lei, ou da falta dela, de maneira ainda mais cruel nas favelas.

No dia 24 de junho, um ato pacífico em defesa da redução das tarifas de transportes, em Bonsucesso, foi duramente reprimido. A ação policial acabou resultando em 13 mortes na Maré, dentre elas a de um policial militar. Apesar da grande mídia e o governo tentarem reduzir tudo a um equívoco residual da polícia durante uma perseguição a criminosos, o que se observa é que esta prática é uma rotina no cotidiano dos moradores da região. Desrespeito aos moradores, invasões de casas, violência, tiros aleatórios contra a comunidade são apenas algumas das denúncias da população. Até as escolas são alvo de incursões desastrosas na Maré, que arriscam a vida de crianças e funcionários. Para esta polícia, as vidas destes moradores têm menos valor.

O fato é que a repressão às recentes manifestações se complementam com a criminalização da pobreza como política deliberada de Estado. Não há meramente despreparo da polícia, há muito mais: uma política deliberada de repressão e desprezo à vida humana, principalmente nos territórios mais proletarizados. Aí, a diferença é retumbante: nas favelas, as balas não são de borracha e nunca foram. O direito de ir e vir, de se manifestar, de ser tratado como cidadão são negligenciados na favela numa escala fascista, e isso tem que ser lembrado nas próximas manifestações. Temos que denunciar esta política de segurança de Cabral.

Relato de uma moradora, que não quis se identificar, exemplifica todo o exposto acima.

          “Na noite do dia 24, após arrastão na Avenida Brasil, moradores das comunidades Nova Holanda e Parque União ficaram reféns do confronto entre policiais e traficantes. O que começou como repressão a manifestantes em Bonsucesso, virou uma noite de muitos tiros e tensão para moradores. Há relatos de troca de tiros até as 5 horas. Quem estava dentro não conseguia sair e quem estava fora não podia entrar. Policiais atiraram em postes e deixaram a Rua Teixeira Ribeiro às escuras. Uma bomba de gás lacrimogêneo rolou para dentro do Observatório de Favelas. Funcionários e alunos da ONG ficaram sufocados com o gás e tiveram que permanecer no local (...)”

Saiba mais acessando: http://redesdamare.org.br/?p=8947 


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