segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Não às Remoções: queremos urbanização popular!


Atualmente o planejamento urbano das grandes cidades é reformulado de acordo com os interesses econômicos dominantes. Isso fica visível quando empreendimentos imobiliários avançam sobre comunidades pobres sem que haja qualquer preocupação real em garantir o bem estar das famílias. Além disso, o meio ambiente e a mobilidade urbana não secundarizadas, de modo que o caos urbano e a destruição ambiental são conseqüências destes empreendimentos. A elite ligada ao capital imobiliário e das empreiteiras é parceira dos governos nas suas esferas, municipal, estadual e federal, quando o assunto é lucrar à custa do território urbano.

O financiamento de campanha dos candidatos já é bem denunciador. No ranking dos 20 principais doadores de Cabral, nove são construtoras. A Camargo Correia e a OAS, participantes do consórcio construtor do Arco Rodoviário, doaram R$ 1 milhão! A OAS, como se não bastasse, é responsável também pelas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Complexo do Alemão. Seria coincidência? Não! Toda esta articulação entre os governos e os empresários é um projeto de poder.

Como pensar uma cidade justa, se a prioridade é o lucro? Os megaeventos tornaram esta mercantilização da cidade um traço ainda mais forte neste último período. As obras da Copa do Mundo e das Olimpíadas são planejadas autoritariamente, sem que haja a participação da sociedade civil organizada, restringindo as decisões aos gabinetes das empresas privadas. Não por acaso os gastos são absurdos e os benefícios à população são mínimos, sendo que, em muitos casos, as remoções tornaram-se o meio mais rápido de atingir estes objetivos.
Vila Autódromo: uma luta de resistência

As comunidades de Vila Autódromo, área priorizada para atender aos megaeventos, estão sofrendo na pele as consequências deste modelo de cidade. Apesar do autoritarismo do governo em não ouvir os movimentos sociais, foi elaborado o Plano Popular da Vila Autódromo, numa parceria entre as Associações de Moradores, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade Federal Fluminense (UFF). Neste projeto é mostrado o quanto é viável tecnicamente a permanência das famílias, o quanto socialmente é importante e até que seria mais econômico para os cofres públicos. 

Mas não há vontade política dos governos.
O Plano Popular da Vila Autódromo está orçado em R$ 13,5 milhões, valor que corresponde a apenas 35% dos R$ 38 milhões previstos pela Prefeitura do Rio de Rio de Janeiro para o reassentamento total da comunidade. O projeto garante ainda: saneamento básico, a dragagem do canal paralelo à Avenida Abelardo Bueno, a recuperação da faixa marginal da Lagoa de Jacarepaguá, construção de centros de lazer e esporte, incorporação no programa Saúde da Família, construção de uma creche e uma escola municipal e recuperação ambiental da Faixa Marginal da Lagoa e da Beira de Córrego de 23 mil m², atendendo à Resolução CONAMA nº. 369/2006.
Apesar de tantas vantagens apresentadas no Plano Popular da Vila Autódromo, nada é feito para mudar a política de remoções.

Outras comunidades estão ameaçadas de remoção

Este projeto de cidade assola diversas cidades pelo país e muitas comunidades estão ameaçadas, principalmente no Rio de Janeiro, sede dos megaeventos. Só no Rio de Janeiro, cerca de 22 mil pessoas estão nas listas de remoção, destas, 8 mil já foram removidas, atingindo 24 comunidades. Os dados são do dossiê Megaeventos e Violação de Direitos Humanos do Comitê Popular da Copa e Olimpíadas do Rio de Janeiro. Neste documento são mostradas as arbitrariedades do poder público, aplicando remoções no Rio de Janeiro passando por cima da legislação brasileira e dos acordos internacionais sobre defesa dos direitos humanos.

Quem ganha com as remoções?

É de fundamental importância que se dê um basta a esta política desumana de remoções sumárias. Os únicos que ganham com esta situação são os conglomerados empresariais gerenciados pela FIFA. É necessário que se apure as contas dos megaeventos, pois o orçamento já chega a mais de R$ 70 bilhões. Segundo o professor Carlos Vainer (UFRJ), especialista em planejamento urbano, os preços das arenas brasileiras são tão caras que dariam para construir quatro estádios Wembley, considerado de referência no futebol internacional. O poder privado não pode controlar os destinos das cidades.

Nosso mandato se junta aos lutadores que defendem uma cidade voltada para o bem estar dos trabalhadores. Não queremos remoções, mas sim urbanização de qualidade!

Saiba mais:


Ouça na íntegra a entrevista de Raquel, clique no link abaixo:
http://espn.estadao.com.br/jucaentrevista/post/195171_VIDEO+RELATORA+DA+ONU+E+A+CONVIDADA+DO+JUCA+ENTREVISTA

Saiba como aconteceu na África, conheça a CIDADE DE LATA / Blikkiesdorp, clique no link abaixo:

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