sexta-feira, 18 de novembro de 2011

CHEGA DE PERSEGUIÇÃO AOS SERVIDORES PÚBLICOS DE NITERÓI!

AGRESSÃO DO PREFEITO À COMPANHIA DE BALLET DE NITERÓI LEVA O VEREADOR RENATINHO APRESENTAR PROJETO DE LEI PARA GARANTIR O DIREITO DE LIVRE MANIFESTAÇÃO DOS SERVIDORES PÚBLICOS MUNICIPAIS!


Vejam abaixo o texto do PL e leiam a matéria de O Globo Niterói sobre a apresentação do mesmo http://oglobo.globo.com/niteroi/projeto-de-lei-garante-liberdade-de-expressao-servidores-3271056:

PROJETO DE LEI  0331/2011 

Considera direito do servidor público municipal pronunciar-se publicamente sobre suas condições de trabalho e sobre as ações administrativas do Poder Público Municipal.

Artigo 1º - É direito de qualquer funcionário público do Município de Niterói pronunciar-se publicamente sobre suas condições de trabalho e sobre as ações administrativas do Governo Municipal, com total liberdade de expressão, sem nenhum impedimento legal, administrativo ou moral.

Artigo 2º - Fica revogado o inciso I do artigo do artigo 195 da Lei Municipal 531 de 18 de janeiro de 1985 (Estatuto do Servidor de Niterói).

Artigo 3º. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Sala das Sessões, 17 de novembro de 2011.

Gezivaldo Ribeiro de Freitas
Vereador Renatinho – PSOL


RENATINHO QUER O FIM DA LEI DA MORDAÇA EM NITERÓI!

Chamado pela doutrina de “Lei da Mordaça”, alguns artigos e incisos de Lei e Decretos, deveriam servir como documento histórico que reflete um momento em que o país foi submetido a um regime político de exceção, uma demonstração as novas gerações de como é viver sob um governo que ignora direitos e garantias fundamentais. Com o advento da Constituição Federal de 1988, inegavelmente alguns regramentos de conteúdo extremamente autoritários e cerceadores de direitos e garantias fundamentais não mais pertencem à nossa realidade jurídica. Chega a ser redundante dizer que, em respeito ao sistema de garantias e proteção ao livre pensamento, o constituinte não mediu esforços para afirmar que o governante não pode mais impedir que o indivíduo diga o que pensa sobre assuntos de seu interesse.

Na noite desta quarta-feira (16 de novembro de 2011), durante uma reunião do Conselho Municipal de Cultura, os conselheiros tomaram conhecimento de que toda a diretoria da Companhia de Ballet de Niterói havia sido demitida por ordem do governo municipal, incluído entre os afastados está inclusive um dos fundadores da companhia. As retaliações à Companhia de Ballet começaram na noite do último domingo (13 de novembro de 2011) quando os artistas leram uma carta de esclarecimento ao público presente ao espetáculo realizado na Praia de Icaraí, onde expuseram a realidade em que a Companhia se encontra, sofrendo com o descaso das instâncias governamentais do município de Niterói. A Companhia de Ballet da cidade de Niterói, que se encontra desde 2007 lutando por condições dignas de trabalho (não tendo sequer sede própria para ensaios) e melhorias salariais, além de não ter sua reivindicação atendida, sofreu essa grave retaliação arbitrária e ditatorial por parte do governo. Agora o Prefeito fala inclusive em extinguir a Cia de Ballet, demonstrando toda a sua capacidade de superação no que diz respeito ao cometimento de abuso de poder, desrespeito e assédio moral a servidores. (Vejam a matéria de O Globo Niterói sobre o tema: http://oglobo.globo.com/niteroi/prefeito-acaba-com-cia-de-ballet-cria-cia-de-danca-de-niteroi-3261165 e também http://oglobo.globo.com/niteroi/extincao-da-companhia-de-ballet-recebe-duras-criticas-3271367).
Manifestação democrática dos bailarinos na Praia de Icarai
Infelizmente os instrumentos de controle e repressão aos funcionários públicos sempre existiram e fizeram parte do arsenal dos donos do poder estatal para calar a boca dos trabalhadores. Historicamente a organização e a luta dos trabalhadores foi pautada pela repressão, pelo cala-a-boca, pelo impedimento de voz e manifestação. Não é, portanto, outra a razão da existência de “estatutos de funcionários públicos” produzidos sob a égide do autoritarismo, da ditadura militar, no auge da repressão e outros até depois da anistia, como o caso do Estatuto dos Funcionários de Niterói, decretado ainda sob resquícios deste tempo que devem ficar restrito apenas aos livros de história.

Nesse período, a produção de uma mentalidade de terror, de medo, de cerceamento da liberdade de expressão, acomodou-se nos textos das leis dos estatutos do funcionalismo público impondo pesado silêncio a essa categoria de trabalhadores.

Em nosso Município, as práticas de perseguição e assédio moral contra os funcionários têm se tornando comum e é preciso que isso seja imediatamente contido. Outro exemplo para além do absurdo ocorrido com a Companhia de Ballet, aconteceu em abril deste ano quando o presidente da Fundação Municipal de Educação, Cláudio Mendonça, publicou a portaria FME número 0483/2011, publicada em 8 de abril de 2011 no Diário Oficial do Município, visando a “apuração sumária de (suposta) irregularidade” na Escola Municipal Levi Carneiro, no Sapê. Mendonça demonstrou descontentamento ao encontrar um jornal do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) de Niterói afixado no quadro de aviso da escola e reeditando o tempo da Ditadura Militar, o presidente da FME quis punir os responsáveis pela colocação do informativo. 
Manifestação dos profissionais de educação que depois da greve tiveram seus contra-cheques  negativados.
Por meio de abaixo-assinado encaminhado à Comissão de Direitos Humanos da Câmara, a comunidade escolar do colégio solicitou providências contra a medida do presidente da FME, qualificando-a corretamente como desproporcional e autoritária. Através do documento, os professores lembraram que a Constituição Federal, no Artigo 5º, incisos II, IV e IX, garante a livre manifestação, sendo vedado o seu anonimato. Além de notificar extrajudicialmente a direção da Escola Municipal Levi Carneiro, Cláudio Mendonça notificou extrajudicialmente os dirigentes do Observatório Social de Niterói, movimento social criado especificamente para acompanhar gastos e concorrências públicas do Poder Público e que havia denunciado gastos da Fundação de Educação considerados desnecessários, como o gasto de R$ 1,362 milhões para a aquisição de brinquedos que, segundo noticiou o Globo Niterói à época, poderiam ser comprados por R$ 715 mil a menos do que foi pago. 

Garis, apoiados por diversas entidades, protestam contra a privatização da CLIN na sede da empresa
Também na Companhia de Limpeza de Niterói (CLIN) permeiam denuncias acerca de demissões arbitrárias. Em especial funcionários que tentam fazer oposição à direção do sindicato, famosa por apoiar e compor o governo (o atual presidente do Sintaclus – Sindicato dos Trabalhadores em asseio, Conservação e Limpeza Urbana – que abriga os funcionários da CLIN – é ao mesmo tempo Subsecretário de Direitos Humanos do Município), são perseguidos e até demitidos pela direção de empresa, ainda dirigida pelo Poder Executivo Municipal. Recentemente, até um dos diretores do Sintaclus, membro da diretoria executiva eleita pela categoria, mesmo com sua estabilidade sindical garantida pela legislação e pela jurisprudência trabalhista, foi sumariamente demitido após romper politicamente com o governo municipal e agora busca sua readmissão na justiça. 

Isto sem falar nas inúmeras sindicâncias e inquéritos abertos “a pedido”, nas quais Chefes e Agentes Políticos ligados a determinados partidos utilizam-se da máquina pública para perseguições político-pessoais, a exemplo de várias denúncias já recebidas pela Comissão de Direitos Humanos desta Casa, dentre as quais, destacam-se as constantes nos processos 70/7333/2011, 180/328/2011 e 40/700251/2010 todas envolvendo possíveis práticas de abuso de poder, assédio moral e tráfico de influência, praticadas contra um único servidor concursado, com conduta ilibada e inumeráveis contribuições a nossa municipalidade. Estes e outros processos são movimentados ao “sabor” dos interesses políticos, usados como arma de assédio moral para humilhar e manter funcionários calados, proibidos de manifestar quaisquer opiniões sobre a política do Município.

As perseguições e punições absurdas e arbitrárias surgem a todo momento, como se falar dos atos do Poder Público fosse algo impossível, um pecado maior. Em troca, a promessa de um emprego sempre garantido e um Estado imponente, infalível e inacessível às críticas dos simples trabalhadores. Mas foi no tempo-espaço da ditadura militar que surgiram vários estatutos, entre eles o Estatuto dos Funcionários Municipais de Niterói, instituído pelo Decreto 531/85, em especial no artigo 195, inciso I, muito utilizado pela administração pública local para perseguir trabalhadores.

Os ventos de um novo tempo vieram com a abertura, a queda da ditadura e a troca dos governantes, mas, no entanto, não foram acompanhados pela “limpeza” do entulho e autoritarismo encalhados em alguns estatutos Municipais e Estaduais.

"A perseguição politica é uma prática deste governo do PDT de Niterói. É um governo autoritário e que governa apenas para seus aliados, ou seja, qualquer crítica ou discordância interna, por menor que seja, é punida como nos regimes ditatoriais. O ataque à Cia de Ballet foi um dos últimos exemplo disso. É mais do que urgente fazermos uma reforma completa no Estatuto do Servidor, que é anterior à Constituição Federal de 1988 e por isso ainda mantém lastros antidemocráticos. Nosso projeto com a afirmação de direitos constitucionais e a revogação do inciso I do artigo 195 é apenas um passo importante para os servidores, mas é preciso uma ampla discussão para criarmos um novo código municipal.", afirmou na oportunidade o Vereador Renatinho (PSOL), que é presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de Niterói.

A voz do funcionalismo público tem, nesse sentido, direito e dever, uma dupla missão: denunciar o descaso das autoridades com o investimento no serviço público e lutar por melhorias nas condições de trabalho. Isso tem que ficar claro e não pode ser confundido. O papel do servidor público municipal como cidadão é fundamental, inclusive de se manifestar contrariamente às medidas da administração quando considerá-las lesivas ao interesse público.

“É no sentido de dar liberdade ao funcionalismo, sem que isso signifique ausência de responsabilidade em sua análise e crítica, que apresentamos esse projeto de lei. É necessário dar vez e voz ao funcionário público para que este exerça, junto com a população a quem serve, o direito e dever de acompanhar a ação governamental. Portanto, além de suprimir resquícios de autoritarismo infundado no estatuto, devemos exaltar o direito e a obrigação de o funcionário público de ter livre expressão sobre o seu trabalho, as condições do trabalho, o descaso governamental, as maquiagens, desvios e quaisquer outras situações de aviltamento do serviço público municipal.”, finalizou Renatinho (PSOL), que seguirá lutando contra esse e outros governos autoritários, sempre em defesa do funcionalismo público e dos direitos humanos de todos os trabalhadores de Niterói.

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