domingo, 14 de outubro de 2012

PETROBRAS COM LICENÇA PARA MATAR!


PETRÓLEO DO BRASIL PARA DEGRADAR O MAR

por Laura Fraça - ambientalista e jornalista

Matéria publicada na Revista Época, com base em investigação da Polícia Federal, concluída em 6/9/2012, aponta descaso e abuso da PETROBRAS, além da conivência dos órgãos públicos de controle ambiental. 

A ação restrita, a princípio, à Reduc, revelou muito mais do que a degradação causada pelo descarte de óleo da refinaria no rio Iguaçu (30/8/2011) – contribuinte da Baía de Guanabara: “- Óleo novinho, misturado a dezenas de poluentes, era lançado ao rio durante a vistoria dos fiscais. Vazava dos dutos da estação de tratamento de detritos. Em vez de limpar, a estação sujava. Como escreveram os investigadores, “parecia um filme de terror”. A investigação revelou a negligência da Petrobras em relação ao descarte do subproduto da extração do petróleo, denominado ‘água negra’. Com alto potencial poluidor – “Havia níveis de óleo, graxas e fenóis “muito acima” dos limites legais” – os dejetos petroquímicos contaminaram o rio, o manguezal e toda a vida marinha da Baía da Guanabara. Na época, o INEA multou a empresa em cerca de 3 milhões de reais e fez acordo para a construção de uma nova estação de tratamento da refinaria – até 2017. Mas, depois do acordo, a Polícia Federal constatou que os poluentes (óleos, graxas, fenóis, nitrogênio amoniacal) continuaram a ser despejados no rio Iguaçu, apesar da versão oficial de que a água negra segue para o Terminal da Ilha D’Água. Do terminal a ‘água negra’ é bombeada para os tanques de cargas dos navios que jogarão os poluentes em alto mar, chegando a descartar 546.000 metros cúbicos (218 piscinas olímpicas) no ano passado. “Não há respaldo legal na legislação ambiental brasileira que permita o descarte de água de produção, mesmo que após tratamento, em áreas oceânicas afastadas da costa através de navios.”
A ação da Polícia Federal revelou muito mais ainda: o despejo negligente da ‘água negra’, água de produção da Petrobras – subproduto da prospecção de Petróleo, não se limita à Reduc. Essa prática é constante nas plataformas de petróleo que operam em todo o nosso litoral. A Petrobras afirma enviar apenas 1% dessa ‘água negra’ a terminais em terra: Ilha Grande e Cabiúnas, onde deveria ser retirada a maior quantidade possível da água negra misturada ao óleo extraído das plataformas, reduzindo assim o custo de produção e gerando maior lucro. Apesar disso, nada é tratado nesses terminais, simplesmente porque não há estação de tratamento! A única que existia em Ilha Grande foi desativada por ter ficado obsoleta, segundo o gerente da Petrobras. E os 99% que nem mesmo são enviados para os terminais? 99% de cargas ao mar, que o mar engole: “A lista das substâncias parece uma viagem à tabela periódica. Estão lá metais como: bário, berílio, cádmio, cobre, ferro, além de elementos radioativos”.
O delegado da Polícia Federal, Fábio Scliar, chefe da Divisão de Crimes Ambientais no Rio de Janeiro, em seu relatório enviado ao Ministério Público Federal, há dois meses, concluiu que não há fiscalização, tendo em vista que o IBAMA alega que, para fiscalizar todas as plataformas do Brasil, tem apenas 20 funcionários e que eles não têm acesso à ‘água negra’ da Petrobras, além de não contarem com instrumentos de avaliação dos produtos poluidores. A própria Petrobras contrata laboratório independente para fazer isso. PASMEM!
Já a Agência Nacional de Petróleo (ANP) encaminhou ofício à PF, afirmando não ter nada a ver com essa questão. PASMEM!
– “Uma funcionária do Ibama reconheceu que o governo não fiscaliza a Petrobras, embora conceda licenças ambientais para suas operações. Disse que o Ibama “atua apenas nos casos emergenciais de derramamento de petróleo”. “Isso é muito grave”, diz Scliar. “O Ibama não tem condições de fiscalizar: não tem helicóptero, não tem peritos, nada. Então, a Petrobras paga a alguém para fiscalizá-la? Como garantir que esse trabalho seja feito com a lisura necessária?” – PASMEM!
A matéria da revista Época destaca também a influência da Petrobras sobre a legislação referente ao descarte de poluentes, definida pelo CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente, composto por representantes de órgãos federais, estaduais e municipais, além do setor empresarial e da sociedade civil. Apesar de a tendência mundial ser a busca do descarte zero, o acordo fechou em 29 miligramas por litro o nível médio de óleo e graxas presentes na água negra despejada no mar, concordando  com a Petrobras, que havia sugerido 30 miligramas. Apenas 1 miligrama aquém do ‘sugerido’ pela poderosa PETROBRAS. PASMEM!

Se não bastasse tudo isso, vale o alerta final: O COMPERJ está totalmente licenciado pelo INEA. Com licença para descartar seus efluentes petroquímicos via emissário submarino diretamente no mar de Itaipuaçu, contaminando também todas as praias da região oceânica de Maricá e Niterói. Assim, o Governo Estadual licencia a degradação e coloca em risco de extinção toda a biodiversidade marinha e a diversidade cultural da região e do Parque Estadual da Serra da Tiririca. Vale destacar que o INEA é o órgão gestor desta Unidade de Conservação. A mesma mão que deve preservar é a que concede a licença para a 

PETROBRAS degradar. PASMEM!
É simples assim:
A PODEROSA PETROBRAS manda!
Os governos – federal – estadual – municipal – cumprem!
No Estado do Rio de Janeiro: Disque Minc/PT para degradar. PASMEM!

Mar limpo para todos!

Leiam:



REVISTA ÉPOCA
Polícia Federal acusa Petrobras de poluir o oceano 

Na tarde de 30 de agosto de 2011, três botes da Polícia Federal (PF) deixaram a Marina da Glória, no Rio de Janeiro, rumo à Refinaria de Duque de Caxias, a Reduc, a quarta maior da Petrobras. Os botes singravam as águas do Rio Iguaçu quando, súbito, depararam com boias laranja impedindo a passagem. A água escurecida reluzia óleo. O rio estava tomado por uma língua negra de poluição, que se espalhava pela Baía de Guanabara – perto dali, ela tinha profundidade de 2 palmos. “Parece uma privada!”, disse um agente da PF. Os policiais retiraram as boias, esperaram a maré subir e chegaram às margens da Reduc, onde funcionários aguardavam-nos. A PF, comandada pelo delegado Fábio Scliar, chefe da Divisão de Crimes Ambientais no Rio de Janeiro, investigava por que a Petrobras descartava poluentes diretamente nas águas do Iguaçu e na vegetação da área. Era o início de um processo criminal que culminou, há dois meses, no indiciamento de dois gerentes da Petrobras por crime de poluição – e na descoberta, segundo a PF e o Ministério Público Federal, da negligência da Petrobras ao descartar o principal subproduto poluente da extração do petróleo, a “água negra”.


A blitz na Petrobras começara às 7 horas daquele dia, quando peritos do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), órgão subordinado ao governo do Rio, sobrevoaram de helicóptero a Reduc e constataram a mancha de óleo. Três horas depois, os peritos visitaram a refinaria. Percorreram, acompanhados de funcionários da Petrobras, as margens do rio. Perto de um dos pontos onde eles haviam avistado as manchas de óleo, uma placa dizia: “Interditada”. Os gerentes da Petrobras insistiram que os fiscais não atravessassem a área, embora não explicassem por quê. Os fiscais foram assim mesmo. Encontraram uma operação de emergência da Petrobras, montada para retirar a poluição do local – e, segundo o MP, encobrir o crime. Havia caminhões de sucção de óleo, barreiras, funcionários correndo para lá e para cá. “Presenciamos as tentativas, a todo o custo, de conter a grande quantidade de óleo ainda retido ali”, escreveram os peritos. “Os funcionários que nos atenderam negaram até a derradeira descoberta do vazamento.”

Arquivo de ÉPOCA
Nas águas que margeiam a Reduc, na vegetação contígua e no manguezal que (ainda) existe no terreno da refinaria, os fiscais descobriram grandes quantidades de óleo. Parte já estava havia tanto tempo no local que apresentava a aparência de “chocolate cupcake”, apelido desse detrito – as fotos mostram que o manguezal de 353 hectares parecia um bolo mofado. Óleo novinho, misturado a dezenas de poluentes, era lançado ao rio durante a vistoria dos fiscais. Vazava dos dutos da estação de tratamento de detritos. Em vez de limpar, a estação sujava. Como escreveram os investigadores, “parecia um filme de terror”.
As substâncias coletadas pelos fiscais mostraram-se altamente tóxicas. Havia níveis de óleo, graxas e fenóis “muito acima” dos limites legais. A origem dos detritos era o petróleo da refinaria. Como resultado, o Inea multou a Petrobras em R$ 3,3 milhões. Depois, fechou acordo com a empresa. A Petrobras prometeu construir uma nova estação de tratamento na Reduc – até 2017. Prevê-se, nas palavras da Petrobras, um “investimento conceitual” de R$ 1 bilhão para modernizar a limpeza de poluentes como a água negra. Em 7 de novembro do ano passado, após o acordo, os fiscais voltaram à Reduc. Coletaram novamente a água negra despejada no Rio Iguaçu. Verificaram que havia toda sorte de poluente, a maioria acima dos limites legais, um com nome mais apavorante que outro: óleos, graxas, sólidos sedimentáveis, fenóis, nitrogênio amoniacal. Emitiram um novo alerta à Petrobras.


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